
Durante muito tempo…
… me senti como se fosse duas metades.
Eram 6 horas da manhã de uma segunda-feira bem fria, em Barcelona; e os últimos meses tem sido de total (re)conhecimento e quebra de paradigmas, tudo com o passado. Na incansável busca de sentido pelo que já passou. E refletindo que tudo o que acontece, acontece por uma razão: uma razão que nós mesmos inventamos depois.
Eu tenho esta tal felicidade clandestina, a escondidinha, sem pudor e com brilho eterno. Me faz acordar no escuro, no silêncio calado, num frescor de mim mesma… Do ler e escrever. Ah, vá! De uma maneira ou de outra, esta frase que começa o texto fala muito de mim e, não só da personagem do livro que fazia menção às origens do pai e da mãe – caribe, judeu, mescla, misto, interseção.
Quando penso que sou metade, tudo é oposto à divisão matemática, metadear, não existe nada exato; palavras como “milimetricamente” não estão neste português ruim. Tem partes – que não são metades – que também se dividiram por eu nem ter me permitido ser inteira.
… algumas vezes por me tolher; outras pela pluralidade do existir.
No meio de textos e cartas avulsas, como este, respondi ao meu pai algo como:
… viver é negócio muito perigoso, não é?
E falei disso lembrando de uma das falas-pensamento de Riobaldo, em Grande Sertão: veredas.

1no invento livre e o desprendimento de ter que terminar um texto com excelência. Ou de nem terminar o texto, como esse. E como funciona minha cabeça, diversas vezes.
Se não for para viver, arriscar... O que faríamos? O conforto da não escolha, o conformismo é, também, ser indiferente. Melhor é se deixar levar, como a maré e, também, como o pensamento, como uma pluma que voa leve pelo ar.
- escrever toda hora. escreva de manhã, escreva de tarde, escreva a noite toda, escreva à máquina, escreva no papel, escreva no Scrivener, escreva bêbado, tome café, agrade sua musa, faça um pacto com o diabo. ↩︎
